5 POEMAS DO VERSO VEGETAL
CIDADE À VISTA
Na azáfama da vibração
Pano solto
Por engano
A dar a ver toda a cidade
Do lado de cá
O que o cidadão tem acesso
É cidade sem ornamento
SE AMANHÃ – A RAZÃO
Quando amanhã subir
As montanhas do Tytundo-Hulu
Já desgastado
Por este atado
Desafio de palmilhar o Kalahari
E esse dia pedir-me tal razão
Direi:
Sopro sonoro
Se é do chifre sagrado alivia maldades
Rejuvenesce a alma da integração
Empurra maldades para longe
E implanta pureza na intersecção
Dos caminhos da comunidade
Andar com gente madura
É do atavio perdurar o nó
Dito doutro ditado
Um sábio
Só o é
Se o gesto lhe reveste a misericórdia
E eu o conheço
Seu nome é se amanhã – a razão
Para Luandino Viera
e o sol que lhe preserva a razão
EFIKU
Onde se celebra o efiku
Antes de afinares o passo
Solte o gesto de puberdade
E para que a rapaziada
Te estenda olhar de valor
Sempre que lhe emprestares a imersão do fogo
Folgue o nó do atado
Que ela sentirá a paz que o corpo lhe roga
À rapariga Nyaneka
A VERDADE DO TEMPO
Os poetas
São como o mar.
Se tem calema
Sobem,
Se tem boémia
Fixam-se
E se tem nudez
Descem.
Só seu sul
Poisa o centro da pousada
Chovem perfis
E sinais do outono
E acrescentam à cabeleira
Tal ditongo
Feitio de tranças
À moda mumuíla
Ao Lopito Feijóo,
no dia do seu 50.o Aniversário natalício
FRICÇÃO CURSIVA
Dois corpos friccionados
Saúdam exaustivamente
O fogo
Um em tacto
Outro em acto
E todos fazem o astro da alucinação
Dó-ré-mi-fá-sol-lá-si
Por onde pernoita a voz do leopardo
Repousa a memória acesa
Lé pelos lados da lareira
Onde a noite é seu
Céu límpido
Onde a noite é seu
Céu limpo